03/01/2011 - Aldeia indígena é atendida pelo Programa Saúde da Família

Cacique é responsável pela ligação entre comunidade e sociedade em geral

Riozinho - A aldeia Itapotã, que em Guarani significa flor da pedra, está localizada no quilômetro 50 da RS-239, em Riozinho. Cinco famílias, totalizando 25 pessoas, preservam a cultura e costumes indígenas, herdados dos seus antepassados.

A Secretaria da Saúde do município mantém um agente de saúde exclusivo da aldeia, que é também o cacique, Miguel Alexandre Brisuela, 56 anos. "Ele é o elo de ligação entre a comunidade indígena e a sociedade em geral", ressalta a enfermeira coordenadora do Programa Saúde da Família – PSF, Mariangela Barrera. Entre os indígenas não é permitido usar o português e todos recebem, desde pequenos, orientações sobre os costumes locais.

Costumes são preservados
Miguel Brisuela é o cacique da aldeia Itapotã, em Riozinho. Há seis anos atuando dentro da sua comunidade como agente de saúde, Miguel é contratado da prefeitura para fazer o meio campo entre o povo indígena que vive na aldeia e o povo branco, como eles classificam os habitantes da cidade. "Para os índios é muito importante saber que existe alguém a quem contar estando longe da aldeia", explica Miguel, falando sobre a importância do seu trabalho.

Mesmo não recusando atendimentos hospitalares e de profissionais de saúde, os indígenas, primeiramente, usam seus próprios métodos para tentar curar uma doença. "Utilizamos primeiro os nossos chás, se não resolver, daí procuramos um especialista", relata o cacique. "Estou feliz por fazer esse atendimento, ajudando a minha comunidade", finaliza o agente de saúde.

Luz chegou na aldeia
O cacique Miguel Brisuela vem atuando na sua própria comunidade como agente de saúde, fazendo o intermédio entre seu povo e os demais. Zelando sempre pelos ensinamentos indígenas, o cacique orienta o seu povo, deixando os índios livres para que escolham o melhor para cada um.

Como é desenvolvido o trabalho na aldeia?
Miguel Brisuela - Eu faço o intermédio entre a prefeitura e a comunidade. Faço o controle de vacinas, acompanho as pessoas da tribo que não falam muito bem o português quando precisam buscar atendimento na cidade.

Quais as principais características da aldeia em relação à cidade?
Brisuela - Primeiramente, a língua. Entre nós conservamos o guarani e preservamos nossos ensinamentos e cultura. Tentamos manter o jovem dentro da tribo, não como os outros jovens que frequentam bastante a cidade e gostam de sair.

A luz chegou até vocês este ano. Vocês têm algum equipamento eletrônico aqui na aldeia?
Brisuela - Eu tenho uma TV. Gosto de assistir reportagens, mas só eu tenho. Aqui na aldeia ninguém mais tem. É o único equipamento eletrônico que temos aqui.

Fonte: Diário de Canoas - Riozinho | sexta-feira, 31 de dezembro de 2010 - 09h15