O nascimento prematuro se tornou a
principal causa de mortes infantis, representando um em cada cinco de
todos os óbitos antes dos 5 anos de idade. Entre 2010 e 2020, o
mundo registrou 152 milhões de partos de bebês prematuros, de
acordo com um novo relatório da Organização Mundial da Saúde
(OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)
divulgado nesta terça-feira, dia 09 de maio.
Isso
equivale a cerca de 1 em cada 10 bebês nascidos precocemente, antes
de 37 semanas de gravidez, em todo o mundo. Enquanto isso, os
sobreviventes prematuros podem enfrentar consequências para a saúde
ao longo da vida, com maior probabilidade de incapacidade e de
atrasos no desenvolvimento.
O
relatório produzido pela OMS e Unicef em parceria com o PMNCH,
aliança mundial para mulheres, crianças e adolescentes, soa o
alarme sobre uma “emergência silenciosa” de nascimento
prematuro, há muito pouco reconhecida em sua escala e gravidade, que
impede o progresso na melhoria da saúde e sobrevivência das
crianças.
O
documento inclui estimativas atualizadas da OMS e do Unicef,
preparadas com a Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres,
sobre a prevalência de nascimentos prematuros. No geral, conclui que
as taxas de parto prematuro não mudaram em nenhuma região do mundo
na última década, com 152 milhões de bebês vulneráveis nascidos
prematuros de 2010 a 2020.
Lacunas
de sobrevivência – O novo relatório destaca uma visão
abrangente da prevalência de partos prematuros, bem como impactos
para mulheres, crianças e para a sociedade. De acordo com a
publicação, o local onde os bebês nascem é um fator determinante
para a sobrevivência.
“Depois
de cada morte prematura, há um rastro de perda e desgosto. Apesar
dos muitos avanços que o mundo fez na última década, não fizemos
nenhum progresso na redução do número de bebês nascidos muito
cedo ou na prevenção do risco de morte. O custo é devastador. É
hora de melhorar o acesso aos cuidados para mães grávidas e bebês
prematuros e garantir que todas as crianças tenham um começo
saudável e prosperem na vida”, disse Steven Lauwerier, diretor de
Saúde do Unicef, em comunicado.
O
documento aponta que apenas um em cada dez bebês extremamente
prematuros (com menos de 28 semanas) sobrevive em países de baixa
renda, em comparação com mais de nove em cada dez em países de
alta renda. Além disso, grandes desigualdades relacionadas a raça,
etnia, renda e acesso a cuidados de qualidade determinam a
probabilidade de nascimento prematuro, morte e incapacidade, mesmo em
países de alta renda.
O
sul da Ásia e a África subsaariana têm as taxas mais altas de
parto prematuro, sendo que as crianças dessas regiões enfrentam o
maior risco de mortalidade. Juntas, essas duas regiões respondem por
mais de 65% dos nascimentos prematuros em todo o mundo.
O
relatório também destaca que os impactos de conflitos, mudanças
climáticas e danos ambientais, da Covid19 e do aumento do custo de
vida estão aumentando os riscos para mulheres e bebês em todos os
países. Estima-se que a poluição do ar contribua para seis milhões
de nascimentos prematuros a cada ano. Quase um em cada dez bebês
prematuros nasce nos dez países mais frágeis afetados por crises
humanitárias, de acordo com uma nova análise do relatório.
“Garantir
cuidados de qualidade para esses bebês pequenos e mais vulneráveis
e suas famílias é absolutamente imperativo para melhorar a saúde e
a sobrevivência infantil. O progresso também é necessário para
ajudar a prevenir partos prematuros – isso significa que toda
mulher deve ter acesso a serviços de saúde de qualidade antes e
durante a gravidez para identificar e gerenciar riscos”, pontuou
Anshu Banerjee, diretor de Saúde Materna, Neonatal, Infantil e
Adolescente e do Envelhecimento da OMS, em comunicado.
Riscos
para a saúde materna, como gravidez na adolescência e
pré-eclâmpsia, estão intimamente ligados a partos prematuros.
Nesse contexto, os especialistas destacam a necessidade de garantir o
acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva, incluindo
planejamento familiar eficaz, com atendimento de alta qualidade na
gravidez e no momento do parto.
Ativismo
– Na década analisada, houve um crescimento do ativismo
comunitário sobre parto prematuro e prevenção de natimortos,
impulsionado por redes de pais, profissionais de saúde, academia e
sociedade civil.
Segundo
o relatório, em todo o mundo, grupos de famílias afetadas por
nascimento prematuro têm estado na vanguarda da defesa do acesso a
melhores cuidados e mudança de políticas e apoio a outras famílias.
A
OMS, o Unicef e demais instituições incentivam que os países
implementem ações para melhorar o atendimento a mulheres e
recém-nascidos e reduzir os riscos de partos prematuros.
Entre
as medidas estão o aumento de investimentos, o cumprimento de metas
de implementação de políticas públicas na área, a integração
entre setores e o apoio à inovação e pesquisa.
Fonte:
CNN |