15/07/2024 - Enfermeira que integra Força Nacional do SUS identifica vítima de crime hediondo



Durante o processo de acolhimento de uma paciente em um dos hospitais de campanha (HCamp) instalados pela Força Nacional do SUS no Rio Grande do Sul, uma profissional de Enfermagem identificou uma mulher vítima de estupro. Diante da situação, Zenaide Cavalcanti, enfermeira forense que trabalha em Sergipe e que está atuando como generalista no RS em função das chuvas que assolaram o estado, executou o protocolo definido pelo Cofen previsto na Resolução nº 556/2017. “Acolhi a paciente, fiz o atendimento especializado, registrei as evidências e acionei o serviço social. Todo o procedimento, que é absolutamente sigiloso e confidencial, durou aproximadamente duas horas. A vítima aceitou os exames e condutas prescritas. Posteriormente, foi reencaminhada ao médico”, conta Zenaide, que também presidente a Associação Brasileira de Enfermagem Forense (Abeforense)

O episódio ocorreu durante este mês de julho, quando a mulher procurou atendimento em Unidade de Pronto Atendimento. Ela estava com um corte no braço, outro na orelha e uma lesão na cabeça. Foi suturada, medicada e, diante dos ferimentos, encaminhada para o HCamp para tomar uma vacina antitetânica. Foi quando Zenaide identificou que a paciente tinha sido vítima do crime hediondo. “Eu fui preparada para identificar casos de violência, pois já sabemos que ocorrem nessas situações. Portanto, não tenho palavras para descrever a emoção de acolher essa paciente em seu sofrimento e ajudá-la diante de uma situação tão difícil. Atuar pela Enfermagem já é belíssimo, pelo campo forense é mais gratificante ainda”, conta a enfermeira, com dez anos de experiência na área forense. Para preservar a vítima, o Coren-RS e o Cofen não estão divulgando a identidade da paciente nem a cidade onde ocorreram o crime e o acolhimento.

Segundo o enfermeiro forense e conselheiro federal Antônio Coutinho, essa é a primeira vez que uma profissional da área elucida um crime sexual durante um desastre em massa no Brasil. “O que seria uma simples vacinação, se converteu em um caso de justiça. Com base nas informações colhidas pela Enfermagem, a vítima teve o atendimento adequado e poderá buscar seus direitos contra o seu agressor”, considera Coutinho, referência nacional em ciências forenses.

A Força Nacional do SUS foi idealizada pela enfermeira Conceição Mendonça. Em grandes catástrofes, como a que atingiu o RS, o grupo já identificou o aumento de crimes contra a vida e a dignidade humana. Além de perder casa, carro, animais de estimação e familiares, pessoas vulneráveis são expostas a violações como lesão corporal, roubo e estupro.

Já a Enfermagem Forense é um campo muito vasto. O profissional especializado tem competência para identificar crimes, acolher vítimas de violência, atuar no sistema prisional, na assistência psiquiátrica, realizar perícias, assistência técnica, coleta e preservação de vestígios e provas, investigações pós-morte, desastres em massa e missões humanitárias.

Fonte: Ascom Cofen