Considerando a relevância e o avanço
da Enfermagem Canábica no Brasil, o Conselho Federal de Enfermagem
(Cofen), a Sociedade Brasileira de Enfermagem Canábica (Sobeca) e a
Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis (Abicann)
realizaram, recentemente, a primeira reunião para dar início a um
trabalho coletivo e colaborativo que objetiva estabelecer o debate e
a construção de parcerias, a fim de contribuir com os avanços da
área e com o processo de regulamentação da especialidade no âmbito
da Enfermagem brasileira.
A Enfermagem
Canábica será uma especialidade que se dedicará ao cuidado e à
assistência de pacientes que utilizam Cannabis em seus tratamentos.
Por meio do Gerenciamento de Casos, promoverá um atendimento
humanizado, individualizado e abrangente, com foco na compreensão
das necessidades e desafios enfrentados pelos pacientes. Os
profissionais da Enfermagem Canábica buscarão estabelecer um
vínculo terapêutico e realizar uma escuta terapêutica qualificada,
enfatizando a empatia e a criação de um ambiente seguro, o que
permitirá um cuidado mais eficaz e personalizado ao paciente e sua
família.
Para o conselheiro
do Cofen James Francisco, a autarquia deve liderar o processo de
regulamentação e disciplinar a atuação dos enfermeiros nessa
especialidade, assegurando à sociedade brasileira uma assistência
de qualidade. “Com o avanço da regulamentação do uso medicinal
da Cannabis no Brasil, a Enfermagem se coloca como protagonista no
cuidado e na educação de pacientes, garantindo um tratamento
humanizado e eficiente, em conformidade com as diretrizes de saúde
pública”, destacou.
A Enfermagem, a
maior categoria da saúde no Brasil, desempenha um papel crucial na
supervisão de equipes, condução de pesquisas e, sobretudo, na
garantia da qualidade e segurança no atendimento. Com profissionais
atuando em todos os setores do sistema de saúde, a categoria também
possui grande capacidade de influenciar a conscientização pública,
especialmente no que se refere à educação sobre a Cannabis
medicinal. A regulamentação dessa nova área não só trará
benefícios à saúde pública, mas também abrirá novas
oportunidades de carreira para os enfermeiros.
A Sobeca argumenta
que a Enfermagem reúne um conjunto diversificado de competências e
habilidades essenciais para o cuidado de pacientes, incluindo o uso
terapêutico da Cannabis. Diante disso, reconhece a necessidade
urgente de regulamentar esse novo campo de atuação para a
categoria. As descobertas sobre as propriedades terapêuticas têm
crescido rapidamente. Enquanto sua proibição gera diversos
desafios, o uso da planta proporciona conexões, alívio, calma,
relaxamento, novas possibilidades terapêuticas, ressignificação do
cuidado e fortalecimento da resiliência.
Segundo estimativas
da Abicann, atualmente, mais de 530 mil pacientes utilizam Cannabis
para fins terapêuticos no país, com a expectativa de que esse
número chegue a 20 milhões até 2030. O presidente da Abicann,
Thiago Ermano, destacou a importância da tríade entre informação,
educação e orientação na prática da Enfermagem Canábica,
assegurando um cuidado completo, holístico e eficaz.
Além das funções
tradicionais, os enfermeiros poderão explorar novas áreas de
atuação, como consultoria e desenvolvimento de produtos e serviços
voltados ao bem-estar dos pacientes que fazem uso terapêutico da
Cannabis. “A Enfermagem Canábica tem um papel vital na coordenação
do cuidado e no gerenciamento terapêutico dos pacientes que fazem
uso de produtos à base de Cannabis. Trabalhando em colaboração com
a equipe multidisciplinar, podemos garantir mais eficácia e
segurança na terapia canábica, promovendo maior qualidade de vida
aos pacientes”, afirmou a presidenta da Sobeca, Suzyanne Araújo.
Fonte: Ascom/Cofen |