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31/10/2012
Denise Gastaldo fez fala crítica na quarta conferência do 64º CBEn
Na quarta conferência do 64º CBEn, Denise Gastaldo, professora da Univerity
of Toronto, pesquisadora da área e ex-presidente do Coren na década de 90, tratou
do Empoderamento da Enfermagem na Contemporaneidade.
Partindo da premissa de que estar bem ajustado a um sistema injusto ou
ineficiente é ser parte do problema sem se dar conta. E que não podemos nos
acomodar ou assumir posição de “poliqueixosos”, quando a queixa é o
lubrificante da incompetência, Gastaldo avisou que pretendia suscitar reflexões
sobre a situação da enfermagem no Brasil e foi bastante contundente e crítica
em diversos momentos, não poupando comentários.
Na sequencia a congressista contextualizou o momento da enfermagem
brasileira lembrando que durante 20 anos tivemos colegas com o registro
cassado no Conselho por perseguição política, colegas que morreram de forma
inexplicável. Tivemos um ex-presidente do Cofen preso por corrupção (cassado
este ano pelo Cofen). Casos horríveis na mídia com pessoas recebendo injeções
de sopa ou café-com-leite. Mas, por outro lado temos que reconhecer o avanço do
SUS. A criação de equipes com enfermeiros e técnicos, uma relativa melhora nos
salários, mais pesquisa e mais cursos de pós-graduação.
Para Denise é preciso rever conceitos e nos questionar se somos desempoderadas
ou desesperançadas? Ou apenas acomodados? Esta noção me preocupa, diz Gastaldo:
“ As pessoas não se veem como seres políticos que exercem influência no
cotidiano. Quem reconhece a sua importância, quem entende o que faz, porque faz
e que efeito tem, sente a responsabilidade e o empoderamento que isto carrega.”
Gastaldo foi bastante crítica ao colocar que um dos grandes problemas
da enfermagem é pensar sobre o tripé alteridade, exclusão e diferença. “Pensamos
que não há recursos para todos e por isto cada um luta para defender a sua
parte. E isto cria a exclusão. A ânsia de colegas enfermeiras de se
diferenciarem dos outros profissionais da enfermagem. Citou uma série de
polaridades nocivas: nós enfermeiros, eles técnicos; nós da enfermagem e eles
da medicina; nós do bem e eles do mal; nós cuidadores e eles pacientes; nós que
dizemos o que deve ser feito, mas nem sempre cumprimos, eles que são repreendidos
se não cumprem. Todas estas experiências tentam nos colocar em uma posição
superior, mas nos engessam”.
Ficou para a plateia que o grande desafio de exercício do poder é
conseguir lidar com os conflitos de
interesse pessoal e social, pois os hospitais são ambientes de muita fofoca.
Para Gastaldo, isto ocorre porque os Enfermeiros compartilham muitos dos valores
que causam exclusão e desigualdade a nível social, trazendo consigo uma
identidade de classe média e média baixa cheia de valores conservadores,
caracterizando-se como uma profissão em busca de ascensão profissional e de
classe e que, lastimavelmente, o progresso profissional das enfermeiras se dá
pelo afastamento dos cuidados clínicos. Seriamos então um sistema com complexo
de inferioridade? Ela provoca.
Denise Gastaldo colocou que é preciso mudar esta visão e postura. Temos
que nos dar conta que nós na frente do nosso paciente somos 100% do SUS para ele.
Temos que ver o valor que isto implica. Precisamos buscar um processo coletivo
de transformação social. Nem tudo será consensuado. A transformação é um
processo conflitivo, mas deve ser respeitoso. Este exercício ainda nos é
custoso. É preciso aprender a viver com incertezas e ter uma agenda social e
profissional explícitas. Devemos melhorar nossa autoestima. Pensar saúde e não
só doença. Somos parte de um sistema muito maior. Ela concluiu dizendo “eu penso
a enfermagem de forma positiva, somos o maior grupo do mundo. O único que esta sempre
em contato com o paciente, atuando como advogados dos usuários, fazendo trabalho
de alta complexidade e que exige conhecimentos interdisciplinares. Somos
geradores de muitos dados sobre os indivíduos e sociedade para o País, e isto é
um conhecimento precioso para elaboração de políticas de saúde. Nós somos
disciplina produtora de saber próprio. Ainda me pergunto, com tudo isto por que
nos pensamos desesperançados e negativos. Temos conquistas imensas, todos os
dias. É assim que vejo a enfermagem brasileira: com orgulho”.
Texto: Fernanda Barth
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