À missão de assistência médica, pedagógica e social da AACD-RS também se uniu o serviço da Enfermagem. É o caso da parceria fechada, no mês de março, com o Conselho Regional
de Enfermagem do Rio Grande do Sul. "É muito gratificante para este
Conselho colaborar ativamente com a assistência prestada na associação.
Daremos todo o auxílio necessário ao setor de Enfermagem, responsável
por executar, orientar e supervisionar as condições de cuidado e
autocuidado dos pacientes", assegurou o presidente do Coren-RS,
enfermeiro Ricardo Rivero.
A parceria entre as categorias é necessária, uma vez que seus cursos de formação conferem qualificação para o cuidado integral de crianças e adolescentes, desde a concepção primária do desenvolvimento infantil. O enfermeiro estende sua atenção pessoal e profissional a família do paciente na promoção da saúde, no combate às patologias e no processo de tratamento e recuperação do mesmo. É nesta capacitação insubstituível do papel da Enfermagem que a AACD-RS acredita: o atendimento acontece de forma eficaz, pois é realizado por profissionais designados a funções específicas que levam em conta todas as fases de desenvolvimento do enfermo e não apenas a situação isolada de sua doença.
A evolução e os bons resultados são consequência da assistência direcionada, inter e multidisciplinar que recebem na instituição, cujo Serviço de Enfermagem é executado pela enfermeira Deise de Almeida Vieira. A ideia do programa é abordar os aspectos que envolvem integralmente a vida daquele paciente, não apenas o ponto específico da doença – dessa maneira, toda a atmosfera onde ele vive, sentimentos, preferências, relacionamentos e personalidade são ponderados ao longo do tratamento.
Desta maneira, é o enfermeiro quem vai acompanhar todas as etapas do atendimento, desde o momento em que a pessoa entra pela porta da instituição até o momento em que estiver recuperada. "Nos preocupamos em reduzir as dores físicas e tratar a enfermidade, mas também lidamos e tratamos as deficiências emocionais, medos, ansiedades. É essa a principal característica que liga a Enfermagem à AACD-RS: participamos de toda a assistência e procedimentos técnicos, atuamos inter e multidisciplinarmente com as outras áreas para recuperar o paciente", afirma Deise.
O projeto inicial da AACD-RS de tratar crianças e adolescentes evoluiu e se desenvolveu de maneira tão positiva e ágil que, desde 2005, os tratamentos se estendem também a adultos – o paciente mais longevo da associação tem 85 anos. O gerente administrativo da unidade, o sociólogo Cleo Danilo Jaques, acredita que o aumento do alcance do programa se deve, principalmente, às mudanças no estilo de vida da sociedade, o que ocasionou uma maior demanda de atendimento a pessoas adultas. Além dos já conhecidos fatores genéticos ou das propensões congênitas, a globalização e o avanço tecnológico trouxeram ao cotidiano mudanças não positivas: o sedentarismo, hábitos alimentares rápidos e inadequados, acidentes de trânsito e de trabalho e estresse são fatores que, de maneira direta ou indireta, colaboram para o surgimento ou desenvolvimento de deficiências físicas.
"Nos preocupamos em reduzir as dores físicas
e tratar a enfermidade, mas
também lidamos e tratamos
as dificuldades emocionais, medos, ansiedades"
Os maiores diferenciais da AACD-RS são a personalização da assistência e o incentivo ao cuidado em tempo integral. O tratamento não é padrão, é estável e gradual conforme a necessidade de cada caso. "Não existe um tempo determinado para o tratamento. Cada paciente tem seu ritmo, suas dificuldades, facilidades, sua história. Direcionamos o atendimento em cada caso e damos a atenção específica de que precisam. Dessa maneira, a associação se torna um processo na vida dessas pessoas, não é apenas um centro de reabilitação", diz Jaques.
O programa de assistência traçado pelo departamento de Enfermagem avalia periodicamente os pacientes da instituição, também levando informação a ele e a família de como devem proceder em outros ambientes do cotidiano. "As vezes as famílias não sabem como lidar com aquela enfermidade, pela sua complexidade ou pelo fato de ser algo novo. O próprio paciente, devido ao trauma, pode não saber o que fazer e como fazer para se adaptar ao novo estilo de vida. É lógico que vão existir dificuldades e desafios a serem superados, mas acredito que também é papel do enfermeiro auxiliar e dar idéias ao paciente e aos seus próximos de como agir no dia-a-dia para que sua vida seja o mais normal possível", avalia a enfermeira Deise.
A maioria dos encaminhamentos é feita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), após o órgão fazer uma avaliação prévia das condições do paciente. Na associação, passam por avaliação inicial e específica, na qual são considerados os estados físico, mental, emocional, espiritual, social e econômico. É nessa etapa que se define qual o tipo de tratamento que o paciente terá – os profissionais envolvidos, os métodos de aprendizagem, etc. – e a frequência de consultas médicas e terapias. Também é nesse momento em que é acordado o valor da assistência: caso seja comprovada uma situação sócio-econômica não desfavorável, o paciente pode vir a colaborar mensalmente com o tratamento – o que é raro, já que 96% do atendimento é feito de forma gratuita.
Devido ao caráter filantrópico, a renda da AACD-RS é majoritariamente resultado de doações de pessoas, empresas, instituições e entidades públicas ou privados, incluindo multinacionais como, por exemplo, a Gerdau e órgãos públicos como o SUS. O maior gasto é com a folha de pagamento, visto que a associação atua hoje com um quadro de 134 profissionais, formado por médicos ortopedista, fisiatra, urologista e neurologista, fisioterapeutas, pedagogos, terapeutas ocupacionais, musicoterapeutas, psicólogos e fonoaudiólogos, além do Serviço de Enfermagem e dos departamentos Administrativo e de Assistência Social.
O enfermeiro é aquele profissional e, acima disso, ser humano
que acompanhou as dificuldades dos primeiros
passos, a primeira
palavra dita e a primeira escutada, presenciou a
ansiedade
do silêncio familiar na primeira consulta
Nesse contexto, o voluntariado surge como uma opção essencial de auxílio ao projeto. “Temos hoje uma equipe de 105 voluntários, que chegam até nós através de indicação, iniciativa própria, do site ou também porque são pessoas que, de alguma forma, já conviveram ou convivem com algum deficiente físico. Sabem que a condição exige cuidado lento e direcionado”, expõe Jaques. Os voluntários são pessoas que entendem que qualquer ajuda é bem-vinda, que o trabalho a ser realizado na associação transforma completamente a vida de pessoas de maneira direta e indireta. O único requisito é ter boa vontade e disposição. Os convênios e as parcerias também são importantes ações de colaboração à AACD-RS, pois tem a função de cooperar e integrar serviços não apenas à instituição, mas a todos ligados a ela.
A sistematização da assistência da Enfermagem de reabilitação, além de desenvolver um plano de cuidados destinado a facilitar a recuperação do paciente, engloba ainda a função de conselheira e consultora ao longo do tratamento. O enfermeiro é aquele profissional e, acima disso, ser humano que conhece meticulosamente os hábitos e o estilo de vida do paciente, seu contexto familiar e social. Acompanhou as dificuldades dos primeiros passos, a primeira palavra dita e a primeira escutada, presenciou a ansiedade do silêncio familiar na primeira consulta. Portanto, é claro, o papel da Enfermagem é permitir que se restaurem e se mantenham os níveis de qualidade de vida, evitando complicações. Mas, antes de tudo, o papel da Enfermagem é o de se relacionar, agregar valores e otimismo àqueles momentos nos quais a esperança enfraquece. É o de levar segurança e, mais ainda, confiança ao paciente para que ele, gradualmente, alcance seu sonho:
tornar-se independente.
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aacdrs@aacd.org.br x
Texto: Mariana Melleu/Coren-RS
Fotos: AACD-RS/Divulgação