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05/04/2013
Artigo 30 horas Já!
Somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter
“Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter...”
Irene
Ferreira (Enfermeira, Conselheira Federal do Conselho Federal de
Enfermagem e Fórum 30 horas), Maria Cláudia Tavares de Mattos
(Enfermeira doutora em ciências médicas, Presidente da ABEN-SE) e Manoel
Carlos Néri da Silva (enfermeiro especialista em meio ambiente e
ex-presidente do COFEN)
O
mundo deu muitas voltas. Caíram barreiras, referências, mitos e muros. A
história não coube em teorias. As teorias negaram suas promessas. A
modernidade produziu um mundo menor do que a humanidade. Sobram bilhões
de pessoas. No Brasil essa exclusão tem raízes seculares. De um lado,
senhores, proprietários, doutores. Do outro, índios, escravos,
trabalhadores, pobres.
Na
base de toda teoria educacional está uma idealização do homem e,
portanto, da sociedade. Assim, ao estabelecimento de qualquer sistema
educacional deve preceder uma concepção clara do homem que se quer
formar. Assim é fundamental que tenhamos algumas ideias claras sobre o
homem que queremos formar e sobre a sociedade que esperamos construir.
Certamente, não poderemos criar uma nação de individualistas
super-homens nietzchenianos, como também não serve uma multidão de
disciplinados espartanos.
Comecemos
pelo aspecto mais simplesmente caracterizável, isto é, pela formação
profissional do indivíduo. Este aspecto da educação contempla o homem,
não como uma finalidade em si, mas como um agente da sociedade, como um
meio de melhor fazê-la funcionar, para a integralização da competência
humana.
O
segundo aspecto da educação visualiza o homem como um indivíduo em
oposição ao resto do universo, é uma educação para a sobrevivência,
preparamos assim nossos filhos, praticamente desde o nascimento, para se
defenderem física e emocionalmente do mundo exterior. “Só merece a
vida, assim como a liberdade, aquele que a conquista, dia a dia,
ininterruptamente”, responde-nos Goethe.
Foi
também através da educação que os homens passaram a conquistar seus
espaços, seus lugares na sociedade, antes plenamente dependente da casta
da qual provinham. De tal sorte que inicialmente apenas os bem nascidos
tinham acesso à “boa educação”. Privilégio que se manteve incólume por
grande parte da história da humanidade.
Não
se pode conceber que um país como o nosso, onde são tão grandes as
desigualdades, onde é tão injusta a distribuição de renda, onde a
população infantil é tão desassistida e ainda sujeita a doenças banidas
definitivamente da maioria dos países, que não se mobilize toda a
categoria de Enfermagem brasileira afinal somos um milhão e oitocentos
mil distribuídos pelo território nacional. Frente a esse quadro geral de
deseducação, é indispensável uma revisão crítica do que se fez, do que
se fez mal e do que não se fez até aqui, segundo o princípio fundamental
de que a educação é um direito de todos.
Inaugurado
a pouco um novo milênio a sociedade brasileira se vê, perplexa, às
voltas com problemas antigos. A recém inaugurada democracia brasileira
ainda padece dos sintomas típicos dos regimes de exceção; o
personalismo, as relações espúrias entre os poderes e o desvirtuamento
dos objetivos definidos como prioritários em época de campanha política e
tão prontamente esquecidos a seguir (Cadê às 30 horas, Presidenta? Nós
acreditamos.
Quando
nos referimos à “multidão dos disciplinados espartanos” não tínhamos a
intenção de omitir a coragem de Leônidas e seus 300 bravos, mas tão
somente deixar claro que hoje, mais do que nunca é imprescindível ousar
sonhar. Sonhar o sonho impossível de promover a busca da felicidade de
todos, de fazer acordar o homem, de proporcionar-lhe exercitar aquela
parcela do seu ser que o distingue das feras, a solidariedade, o
sacrifício de sua individualidade em prol do bem comum. Tentamos assim
agir as 24 horas que passamos cuidando dos pacientes/usuários.
A
saúde, no Brasil, é exercida dentro de um contexto imenso de numerosos
órgãos públicos, federais, estaduais e municipais; e de instituições
privadas, beneficentes, patronais, lucrativas, empresariais,
previdenciárias. Tudo destituído do mais elementar entrosamento. A
indústria da doença, nascida desses interesses, absorve os recursos
disponíveis e se amplia e fortalece com seu crescimento: concentra
esforços na recuperação, tão sofisticada e onerosa quanto possível, pois
é a doença e não a saúde que a alimenta. Não é sem razão que o atual
sistema único de saúde tem sido comparado a uma orquestra imensa, com
numerosos maestros, cada qual regendo um grupo diferenciado de músicos,
que, por sua vez, tocam os seus instrumentos indiferentes a tudo que
está acontecendo ao seu redor.
Enfim,
convocamos Estudantes dos Cursos de Enfermagem (profissionalizante e
graduação), Auxiliares, Técnicos de Enfermagem e Enfermeiros a integrar
um exército coeso, fardados de brancos ou não, em prol da promoção da
saúde e de uma sociedade mais justa. Está provado que a máquina está
emperrada, ineficiente. Cremos sinceramente que se nos unirmos, seremos
os instrumentos da mudança que se faz premente, que nos permitirá
corrigir as desigualdades e quem sabe até, promover a felicidade.
30 HORAS JÁ: o sonho que temos, a realidade que queremos!!!
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